Puta que Pari!

Tirinha da ilustradora e mãe Thaiz Leão @a_maesolo
Estive afastada, sim, estive. Muitas coisas acontecendo e eu não consegui me organizar para ser o "eu blogueira" novamente. Agora com o Ákilah com 7 meses eu já consigo me sentir mais liberta para escrever (mesmo parando a cada 5 segundos pra tirar o bebê de algum lugar perigoso).

Vou falar um pouco pra vocês sobre o ultimo ano que eu fiquei fora!
  • Em Abril eu me mudei, o que ajudou a eu não postar porque não tinha internet. Só uma pessoa trabalhando (que obviamente não era eu) e nós seguramos as pontas até agora que eu voltei a trabalhar, nesse meio tempo eu me dediquei a pintura e artes manuais com cristais e o bom e velho crochê pra ajudar na renda mensal;
  • Segui estudando até as 32 semanas de gestação, depois consegui um atestado pra ficar em casa e entregar os trabalhos a distância, era bem difícil andar de ônibus com uma cabeça encaixada na minha pelve e o mais incrível é que muitas mulheres passam pelo mesmo e ninguém comenta!!
Primeiro adendo: percebi que muitas coisas são assim, "fulana" passou por isso e nunca contou ou comentou, daí a Muryel vai lá e comenta e a "fulana" diz "ah eu também tive isso". Ou seja, nós mulheres e mães nos traímos fortemente quando deixamos de falar o que sentimos durante a gestação. Só ouvia que era maravilhoso estar grávida e que depois de nascer é que o bicho iria 'pegar' de verdade. Mas eu vou dizer que sempre senti 'o bicho pegando' desde que eu descobri a gravidez.
  • Teve muita crise no processo de toda a gestação, não só pelas mudanças do meu corpo, mas pela forma do Lucas (namorado, companheiro, chato e pai do Ákilah) agir, pela libido que ia e vinha e não batia com as idas e vindas do Lucas, teve muita faxina que eu fiz de barrigão que me gerou muita ansiedade e contrações assustadoras (que não eram nada demais, mas eu fiquei cagada de medo), tive que ficar de repouso nas ultimas 3 semanas pro guri não nascer prematuro e tomei muito floral.
Segundo adendo: quando você engravidar crie uma lista de séries e filmes pra assistir, grávidas consomem muito de qualquer divertimento fácil. Eu li dois livros (no máximo) em 9 meses de gestação e eu costumava ler de 2 a 3 livros por mês. E ah, grávidas ficam meio burras, isso é normal, nosso cérebro está focado em outras coisas e não em ser inteligente e com o raciocínio ligeiro.
  • Passei na Federal pra Artes Visuais e o resultado saiu uma semana antes do parto, eu só decidi que não valia a pena correr com 38 semanas de gestação pra entregar papelada na faculdade. 
  • O Ákilah nasceu em casa, parto domiciliar planejado com parteira e doula. Nasceu com 39 semanas e 3 dias, na noite mais fria do ano (e não importa que digam que uma semana depois fez mais frio porque eu sempre vou contar a história assim). Entrei em trabalho de parto lá pelas 20h após um sexo de reconciliação (digamos que rolou uma treta envolvendo uma tal de massa com almôndegas, vulgo desejo de grávida), eu senti muito medo, medo do que eu não entendia e do que eu não havia vivenciado, o Lucas foi a melhor pessoa nesse momento, me acolheu e me fez ver, foi o que "virou a chavezinha" do parto. Vou contar um segredinho que ninguém conta também, quando algumas mulheres entram em trabalho de parto elas fazem coco, muito coco. Talvez todo o coco trancado de dias. No meu caso não foi diferente. E para adentrarmos na Tenda do Parto precisamos entender que o parto NÃO é limpo, tem xixi, coco, sangue, líquido, vômito e por aí. Enfim, continuando: Após o episódio do coco eu tive desejo de bolo, o bolo que eu enjoei e briguei com o Lucas no inicio da gestação, ele fez, obviamente e eu comi. A parteira chegou por volta da meia noite com a minha doula e meu trabalho de parto (TP) ficou tímido, às 2h30 elas fizeram toque e eu estava com quase 5cm de dilatação, então combinamos que eu iria tentar dormir e elas iriam para casa que era perto dalí, por que? Porque meu TP poderia evoluir em horas como poderia levar o dia todo. As 3h eu deitei e as 4h20 eu acordei com muita dor. Teve outro episódio de coco (tudo isso no banheiro, no lugar certo tá gente?!) e o Lucas sentadinho na sala me acompanhando de perto, nisso eu calei a boca dos bichos da vizinhança com um grito (vocalização típica do TP), deixa eu explicar, os cachorros estavam latindo e uivando e os gatos no telhado brigando, eu gritei e fez silencio a noite toda. Nisso o Lucas ligou pra parteira e ela falou comigo, eu lembro de dizer "eu fiz mais coco, a contração ta mais forte e eu sinto muita vontade de fazer força" e bastou pra elas virem. Elas chegaram por volta das 5h da manhã, eu estava meio reclusa no banheiro após ter obrigado o Lucas a lavar dois baldes na água gelada (da noite mais fria do ano, lembra?) um pra placenta e outro pra eu vomitar. Ele chegou com o balde e eu vomitei. Eu fiquei muito na minha dor, na reclusão do chuveiro, chamei a minha doula mais pro final, quando ele já estava no canal de parto, ela me deu suporte, fez manobras pra aliviar a minha dor (eu ainda acho que devia ter abusado mais dela). Eu contei que corri o Lucas de dentro de casa? Pois é, eu fiz isso! Teve um momento que eu estava de barriga pra cima pra Parteira ouvir o coração do bebê que eu fiz uma força grande e senti a cabeça, nisso eu gritei "EU TO SENTINDO A CABEÇAAA!" e a parteira olhou e disse "é, é a cebeça, quer que eu chame o Lucas?" O Lucas veio, defumou a gente, ficou ao meu lado, me ajudou a ficar de cócoras junto com a minha doula e o Ákilah nasceu (como eu tinha previsto) na penumbra do amanhecer, às 7h da manhã. Ele nasceu empelicado, ou seja, na bolsa, ele parecia um pacotinho de salsichão, quando ele veio pro meu colo eu só pensei "meu deus, que coisinha roxa e enrugada, espero que fique bonito" mas no mesmo instante eu amei aquele pacotinho. Esse foi o resumo do meu parto.
  •  Quando o Ákilah estava com 4 meses eu voltei a estudar presencialmente. Foi ótimo pra mim, eu me senti voltando pro mundo civilizado, porque como em muitas tirinhas as mães são sempre muito solitárias e estressadas. Muitos amigos somem ou esquecem da gente e a família muitas vezes nem queremos por perto porque é cada "pitaco" não pedido que cansa!
Terceiro adendo: eu sempre expliquei os meus sentimentos pro Ákilah, porque eu acredito que dentro da barriga o bebê sente toda a química corporal da mãe e também partilha do seu campo energético. Tanto que até hoje, basta eu me acalmar pra ele se acalmar também!
  •  O Ákilah é um bebê muito tranquilo e risonho! Adora a música Alecrim do Palavra Cantada e principalmente quando eu canto. Agora passamos menos tempo juntos, pois eu voltei a trabalhar meio período. Está sendo ótimo pra mim e pro pai dele (que é quem cuida do bebê enquanto eu trabalho), nós temos turnos de trabalho alternado pra dar conta da demanda!  
Bueno, isso foi um pouquinho do ultimo ano, logo mais volto com estudos e coisas interessantes pra compartilhar (sempre de forma leve e as vezes revoltada também).  Comentem, deixem recados e qualquer coisa escreve pra mim!! Me manda um email no contato!

2 comentários:

  1. não tens ideia do quanto amei ler esse post. mesmo conversando com doula, mesmo lendo relatos de parto etc, ninguém até então tinha sido tão sincera sobre como a coisa realmente acontece. não que eu me preocupe se vai ser bonito, limpo, etc. mas ter mais pessoas reafirmando que tudo bem, você vai defecar sim mas você não vai nem se importar porque só quer ver seu baby saudável no seu colo. e coisas desse tipo sabe? mesmo com tanta informação na internet, documentário e afins, a gente fica nesse turbihão de informações e as vezes simplesmente não sabe o que vai acontecer. mesmo tentando não criar expectativas e tentando ficar tranquila com todas as possibilidades.

    a gestação em si tem sido tranquila por aqui mas não é só isso né? é a nossa cabeça querendo planejar tudo, entender tudo, os hormônios, preocupações. tudo isso enquanto a vida segue, o trabalho segue, os estudos seguem.

    enfim, me empolguei aqui :)

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    Respostas
    1. O louco é que por mais preparada que tu esteja, tu nunca sabe o que vai acontecer até que aconteça porque tu nunca viveu um parto. Acho que quando (e se) eu tiver o próximo baby estarei mais segura porque eu sei como "funciona".

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