'A Filha Perdida' e os desafios da maternidade


É incrível como nossa visão e gostos mudam ao passar dos anos. Li A filha perdida em agosto de 2017, por causa de um evento da UFRGS, o Leia mulheres POA, e acredito fortemente, que se não fosse por isso não seria meu objeto de leitura na época. Quando li, achei a personagem principal meio desequilibrada emocionalmente, talvez até uma feminista 'tardia', que abdica da maternidade para viver sua vida. 

O livro não me marcou profundamente, mas marcou. Comprei e ganhei mais alguns livros da autora (que acabei não finalizando por conta das coisas da vida), mas sua escrita sim, profunda e sentimental, diria até, intensa. A narrativa em si se perdeu na minha mente, só lembrava dos conflitos internos de Leda, a protagonista, mas não de todo o enrredo. 


Ao assistir o filme na Netflix, em um momento de crise materna, diga-se de passagem, foi chocante como a tradução das palavras em imagens ficaram perfeitas. Apesar de não lembrar muito do livro, o filme me traduziu diversos sentimentos de exaustão, de angústia, de insatisfação que a maternidade traz. E não importa o quão bem resolvida tu esteja, a maternidade irá remexer fundo em diversos nichos da tua vida. 

Hoje, em meio ao surto de exaustão física e emocional que pus a endagar sobre algumas coisas, como: será que eu não amo mais meu companheiro? será que eu seria muito merda se eu sumisse, assim, por um tempo, sozinha? às vezes eu queria dar uma morridinha, só um pouquinho, pra descansar... será que se eu deixar ela chorando assim, ela fica "bem" pra eu tomar um banho? eu não sei mais o que eu faço pra esse guri parar, será que eu estou errando na educação dele? 

Entre outras...

É assustador como a mente cansada e exaurida busca se livrar da tormenta, e quando o cansaço vai embora nos damos conta do que se passou, e como absurdo é tudo que pensamos. Com isso, sinto uma imensa empatia em relação a Leda, apesar achar bastante drástico tudo que ela fez na vida dela. Infelizmente, são escolhas, ela decidiu investir na vida dela e se afastar das filhas. E, claramente alí, ela tem um complexo de 'criança ferida' pelo incidente com a boneca. Talvez, até suas próprias questões com as filhas e o arrependimento de não ter as criado.

Também consegui enxergar alguns processos pessoais meus através de Nina e sua filha, sua relação com a família e a falta de validação que vinha dos demais. A maternidade é sempre um espaço 'público' em que todos se acham no direito de julgar, manter e se meter. 

Muitos 'enfins' para finalizar esse texto. Deixo aqui minha reflexão, opinião e desabafo. E a pergunta: já leu/assistiu? 

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