A Criança tem o direito de receber a verdade e o respeito

A criança tem o direito de receber a verdade desde sempre. De ser honrada e respeitada como ser humano desde o útero. Talvez o que eu diga aqui seja muito diferente e talvez até gere espanto. Mas, eu acredito que fomos (muitas vezes) obrigados pelos nossos pais a fazermos coisas que não queríamos. 

Esses dias eu estava lendo sobre o enjoo, e li por cima que o enjoo de carro acontece quando não queremos ir para aquele certo lugar. E lembrei de todas as vezes na infância que eu tive enjoo (quase todas as vezes desde que me lembro, até uns 13/14 anos) e não fui informada com antecedência e nem questionada sobre o destino que me aguardava ao final da rota do ônibus ou quando saíssemos do carro. 

E é exatamente isso, nós adultos não estamos acostumados a dizer para as crianças onde vamos com elas, quando vamos, que horas sairemos e que horas voltaremos e o que vamos fazer naquele dia. 

E por ignorância muitos de nós crescemos enjoando no ônibus (o que é super comum na infância) por ansiarmos em saber onde iríamos. 

Isso é um completo desrespeito e não estou culpando nossos pais por isso, de forma alguma, mas por não saber que a criança precisa ser tratada com respeito, que precisa saber onde vai e o que vai fazer é que certas situações aconteciam. 

Agora que nós já sabemos disso, podemos fazer diferente!

Esse estudo é baseado na psicossomática, no livro A Linguagem do Corpo, de Cristina Cairo. E também no livro A Maternidade e o encontro com a própria sombra, da Laura Gutmann

Então, a criança precisa saber da verdade desde o útero, e a verdade começa com: vamos passear hoje e lá vamos ver pessoas diferentes, tu vai ouvir vozes de pessoas queridas para mim. 

Ou como: hoje me sinto muito triste, cansada e frustrada. Isso é normal, um dia tu também vai sentir essas coisas. Isso passa, e como adulto eu sei lidar com isso, e te digo, não é fácil. Mas, passa, eu estou bem e tu também. 

Parece utópico né? Mas não é. É possível ser assim, é possível explicar para o teu bebê o que passa contigo. Lembrando que emoções são química corporal e ele sente fisicamente e emocionalmente tudo que tu sente direta ou indiretamente (direcionado às mães)

Ter respeito pela criança é, além disso, respeitar seu tempo, sua maturidade e seu desenvolvimento. É explicar 350 vezes e continuar explicando mais 300 vezes. Porque a criança entende vivenciando, experienciando e convivendo com os outros. E só podemos cobrar aquilo que seguimos a risca.

Exemplo: como fazer meu filho sentar na cadeira para comer se eu almoço na frente da tv e jogada no sofá? Como fazer meu filho comer saudável se eu não como? Como pedir para o meu filho não gritar se eu grito com ele ou na frente dele? E por aí vai. 

Nós somos o exemplo a ser seguido. E é respeitando a nossa criança que vamos ensinar ela a ser um adulto empático que respeita o outro. É se importando com ela, dando espaço, deixando ela ter as experiências dela, que vamos criar adultos seguros. 

Dar segurança emocional é deixar a criança livre e observar em silêncio, estar perto para que ela saiba que se algo acontecer tu estará lá para ajudá-la e apoiá-la. 

Ela precisa também que o adulto tenha uma escuta ativa, que entenda ela, que realmente veja ela e toda a sua potência por completo. E para isso precisamos sair do nosso ego infantil (como diria a minha amiga que vou chamar aqui de 'a louca dos gatos': sai do teu umbiguinho). E que se naquele momento ele não conseguir estar presente, que saiba dizer: bah filho, agora eu tô meio estressado, mas logo mais eu vou te escutar, assim que eu terminar aqui, prometo. É importante cumprir isso e não fazer isso com recorrência

Com tempo a criança vai precisando de menos atenção durante o dia. Quando ela é bem pequena, precisa de atenção muitas vezes durante o dia, por volta dos 2 ou 3 anos são menos horas de atenção, mas de atenção de qualidade. Quando ela fica maior e até na adolescência ela pode passar bem com 30 minutos por dia de atenção de qualidade. Mas isso não quer dizer dar atenção zero durante o dia, mas sim pequenos afetos e perguntas como: está bem? Está com fome? Precisa de algo? Qualquer coisa tô aqui tá?!

Se começarmos bem no início conseguimos criar crianças educadas emocionalmente (que entendem suas emoções na medida do seu desenvolvimento emocional), até porque só estamos maduros emocionalmente por volta dos 27 anos de idade. 

O que me faz pensar em todos os amigos que eu mandei embora na adolescência por ser ríspida, vingativa e estar sempre guardando mágoa por 'qualquer coisa' que era enorme e sufocante naquele momento. A adolescência é um turbilhão de hormônios, de emoções e de redefinições neurológicas. 

É isso que não falei aqui de criarmos uma criança para pensar, questionar, para ter acima de tudo, amor pelo conhecimento e respeito por si mesma. Saber seus limites desde sempre. 

Enfim, resumindo: trate a criança como um pequeno ser humano que não entende nada desse mundo e precisa que guiem ela, digam o nome das coisas, ensinem a fazer coisas e utilizar objetos, com respeito e imparcialidade. Não podemos impor nossas crenças, mas podemos mostrar o melhor caminho, os filhos não são nossos, nós os parimos e cuidamos para serem livres na vida. Que possamos criar adultos livres e emocionalmente saudáveis. 

Deixo aqui um texto que achei no Facebook, do Khalil Gibran

"Teus filhos não são teus filhos. 

São filhos e filhas da vida, anelando por si própria.

Vem através de ti, mas não de ti.

E embora estejam contigo, a ti não pertencem.

Podes dar-lhes amor mas não teus pensamentos,

Pois que eles tem seus pensamentos próprios.

Podes abrigar seus corpos, mas não suas almas.

Pois que suas almas residem na casa do amanhã, 

Que não podes visitar se quer em sonhos. 

Podes esforçar-te por te parecer com eles, mas não procureis fazei-los semelhante a ti, 

Pois a vida não recua, não se retarda no ontem.

Tú és o arco do qual teus filhos, como flechas vivas, são disparados... 

Que a tua inclinação na mão do Arqueiro seja para alegria."


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