Luciana se via
sozinha quase sempre, mesmo rodeada de pessoas e em festas badaladas, ela era
do tipo que se entediava facilmente e que detestava as grandes multidões. Ela
tinha um amor que mais parecia amizade, embora ele a quisesse só para ele, ela
se queria para ela e nada mais.
Não era
feminista, mas detestava o machismo, achava sem cabimento o tamanho do
desrespeito dos homens (que, por sinal, nasciam de mulheres) para com ela.
Luciana já foi chamada de vadia, fácil, sem vergonha e a melhor “a puta da
galera”. Me responda você, quem em sã consciência não gosta de beijar? Sim, ela
amava beijar e dividir um pedacinho de seu coração em cada beijo, em cada
toque. Nada mais, nada menos.
Romântica ao
extremo, do tipo que se afundava em cobertas e passava as noites lendo romances
medievais e com amores impossíveis. Nada parecido com seu amor da vida real,
dependente e dramático, vivia fazendo-se de vítima e criando casos, brigas etc.
Ao conhecê-lo
Luciana caiu de cabeça no amor, não fazia nada sem pensar nele, tudo o que ela
queria era passar mais uma hora dormindo ao seu lado todas as manhãs. Porém,
ele parecia estar sempre insatisfeito com tudo, com a roupa dela, o cabelo, a
forma como ela o tratava (e convenhamos, não era a mais doce, mas era a sua
forma de ser doce), seu tom de voz, e finalmente, o mais importante, o tempo
que ela dedicava a ele parecia ser sempre monopolizado por outra atividade mais
importante que o ato de “babar o namorado”.
A garota nunca
foi do tipo que sente ciúme ou que vive em cima das pessoas que ama, mas nem
todo mundo entende isso, e ele era uma dessas pessoas. Seu relacionamento
estava acabando, dia após dia e o que ela poderia fazer? Já havia feito de tudo
e nada parecia ter surtido efeito, ela parecia ser sempre a errada da relação e
o namorado, o lindo e perfeito.
Ela estava
enojada, e no dia em que fariam aniversário de namoro, sua suplica e seu último
fio de esperança se extinguiram, ele foi, mais uma vez, rude com ela. Acabou,
ela disse, foi a gota d’água, nunca mais homem algum fará isso comigo
novamente. Então, ela foi até a cozinha da casa dela, onde estavam jantando
para comemorar aquela data mega especial, pegou uma faca e arrancou seu
coração, mesmo chorando, seu sofrimento parou no instante em que seu companheiro
de tanto tempo parou de bater, olhando para ele, Luciana disse: “Nunca mais,
ninguém nos machucará novamente.”.
No dia
seguinte era manchete no jornal local: “Garota amargurada arranca coração e em
seguida mata namorado com 47 facadas no peito”. Luciana nunca mais se sentiu só
entre a multidão, porque na prisão a puseram no isolamento, alegaram ser insana
e incapaz de manter a própria vida a salvo. Hoje, ela e seu coração não sofrem
mais.
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