Nenhuma vida valia nada, por
assim dizer, ela o pensava. Até sair do seu casulo, a Mariposa sofrida se deu
conta, que o sofrimento não era uma característica só dela, ele existia para os
outros tão vivo quanto para ela, em suas lembranças. Todos a adoravam, mal
sabiam que era um bichinho vazio, envolvido pelas tramas da vida, o álcool, o
sexo, a vaidade e o poder que suas balas palavras tinham.
Ela dançava belamente no ar, nos
dias de sol, mas fugia da noite como o diabo foge da cruz, se é que ele é
realmente real, pois, tenho minhas dúvidas. O inferno é a tempestade perto da
colheita, ele destrói os sonhos que nós plantamos, tão ingenuamente, achando
que nada poderia dar errado. O inferno somos nós mesmos, é criação nossa.
A Mariposa era individualista e imediatista,
uma criança fútil, que nada sabia da vida, das dores e cicatrizes alheias, até
conhecer o Senhor Coruja, um bicho sábio e pacifico que lhe contou sua história
de dor e superação, e que, mesmo assim, continuava sorridente e fazendo graça
da vida.
Ela, um ser leve e tão belo, que
vivia dizendo que a vida era curta demais para viver triste, no fundo de seu
coraçãozinho, era o serzinho mais triste e solitário, amargurado e egoísta que
poderia voar livre pelos céus. Naquela tarde ela não voou, não comeu, não
dançou. Tampouco sorriu, andou quilômetros, pensativa, o que sou eu, afinal?
Indagou-se.
Por fim, concluiu que não era
nada. “Eu sou, disse para si mesma, uma criança mimada, pobre de coração e
solitária, ninguém me amaria pelo que realmente sou, ninguém leria as palavras
tristes que rabisco em meu diário todas as noites, se por acaso, alguém olhasse
em meus olhos e, por trás das ruguinhas de sorriso, enxergasse a dor que não
cabe em mim, que é ridiculamente pequena comparada a dos outros, e que eu a
torno tão enormemente importante, ririam de mim”.
“Por mais que não admita, sou a
rainha do drama e das brumas do cigarro, das quais deixei-me levar quando
experimentei pela primeira vez das mãos do Senhor Lagarta, eu sou uma vergonha,
o que minha mamãezinha diria se visse as coisas que eu faço quando o véu da
noite cai. O que pensariam as criancinhas que me assistem bailar pelos céus, se
soubessem que eu não sou doce e pura como imaginam?! O que eu devo pensar de
mim?!”
E sua tortura durou os segundos restantes
de sua vida, afinal, a vida é breve, e a pobre Mariposa, por poucos minutos
deixou que suas preocupações afetassem seu pensamento lógico, que, “a vida é
curta demais para ser levada tão a sério”, e morreu absorta em seus dramas
particulares. Contudo, ninguém esperava menos dela, pois, era apenas um objeto
de desejo alheio, linda e delicada, frágil demais para se cobrar tanto. Todos a
amavam pelo que sabiam que era de verdade, seus olhos eram transparentes, só
ela não percebia o quão inebriante era seu voo matinal, ainda sob efeito das
drogas da noite.
Que história linda!!! Real e verdadeira... Vou roubartilhar ela no meu blog, ok? Tenho certeza de que Aprendendo com o Lúpus irá ficar mais interessante com a triste história da Mariposa. Bjs Mury!
ResponderExcluirObrigada Ana! Pode sim!!!
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